Teoria de Dow – Como Reconhecer As Fases do Mercado

Teoria de Dow – Como Reconhecer As Fases do Mercado

Tempo de leitura: 7 minutos

A Teoria de Dow é uma teoria do mercado financeiro que forma a base da Análise Técnica moderna. Portanto, conhecer seus princípios é dever de todo trader profissional.

Além disso, a teoria, inicialmente estudada no mercado de ações a médio e longo prazo, vem cada vez mais sendo abordada nas operações de curto prazo.

 

Por que devo entender a Teoria de Dow?

Alguns autores dizem que a Teoria de Dow nada mais é do que um método de aplicar o bom senso ao mercado de ações. 

Se você opera no mercado financeiro, entender a Teoria de Dow vai aumentar suas chances de ter lucro, além de esclarecer várias possíveis dúvidas.

 

A Teoria de Dow

A Teoria de Dow foi desenvolvida a partir de editoriais do Wall Street Journal escritos por Charles H. Dow (1851-1902) logo antes de sua morte. 

Charles Dow foi um jornalista, co-fundador do Dow Jones & Co juntamente com Edward Jones e Charles Bergstresser, e fundador do The Wall Street Journal.

Os estudos de Dow foram desenvolvidos a partir de 2 informações sobre o mercado de ações americano:

  1. Dow Jones Transportation Average – média de fechamento diário;
  2. Dow Jones Industrial Average – média de fechamento diário.

Estes dois índices foram utilizados pois estão entre os mais importantes índices de dois setores fundamentais da economia: transportes e indústria. Também são os dois índices mais antigos dos Estados Unidos.

Após a morte de Dow, William P. Hamilton, Robert Rhea and E. George Schaefer organizaram e apresentaram a “Teoria de Dow”, baseada nos seus editoriais:

 

1. O preço desconta tudo

A Teoria de Dow presume que todas as notícias ou eventos importantes para uma ou mais ações da bolsa de valores já estão precificadas pelo mercado.

A única exceção são eventos catastróficos impossíveis de serem previstos, como atentados terroristas e desastres naturais.

 

2. As médias possuem 3 movimentos

O mercado se move em tendências, que foram estudadas através de duas médias do DowJones, Transportes e Indústria.

Conforme a Teoria de Dow, existem três movimentos dessas médias, conhecidos originalmente como:

  1. Tendência primária
  2. Reações secundárias (hoje mais conhecidas como correções)
  3. Flutuações diárias (movimentos terciários)

Usando a clássica analogia do oceano, a tendência primária seria a própria maré, sendo de alta ou de baixa. 

As reações secundárias seriam as ondas, que podem invadir a praia mesmo numa maré baixa, ou retrair mesmo estando numa maré alta.

Já as flutuações diárias, ou movimentos terciários de curto prazo, seriam as ondulações ou os “splashes” de água. Estes, individualmente, são insignificantes.

 

3. A tendência primária possui 3 fases

De acordo com a Teoria de Dow, a tendência primária passa por uma fase de acumulação, participação pública e distribuição.

as 3 fases de um movimento primário segundo a teoria de Dow

Num mercado de alta, a primeira fase é representada pela ascensão da confiança no futuro da empresa.

Uma característica da primeira fase é que poucas pessoas estão interessadas em comprar. Além disso, os pequenos traders que amorteceram o mercado baixista anterior com compras prematuras estão propensos a começar a vender suas ações bem a tempo de perder a grande alta à frente.

Como poucos investidores estão interessados em comprar, esse movimento inicial de alta acontece com volume baixo.

Já a segunda fase é a resposta do preço das ações de acordo com o aumento dos lucros da empresa.

A segunda fase costuma ser a fase mais longa, tanto em mercados altistas quanto baixistas. Nela surgem várias oportunidades de aumentar os investimentos. Mas cuidado, mesmo numa tendência primária de alta, nem todos os dias serão de alta.

Por fim, a terceira fase ocorre quando a especulação e inflação são altas, com expectativas exageradas.

Por outro lado, num mercado de baixa a primeira fase representa a perda de esperanças depois das ações serem compradas a preços inflados. A segunda fase reflete as vendas das ações secundárias pela redução dos lucros da empresa. E finalmente a terceira fase se refere à venda desesperada de ativos, independente do seu valor.

 

4. Teoria de Dow – Princípio de confirmação

Para uma tendência ser verdadeira ela deve ser confirmada por outros dois índices de uma empresa, por exemplo, ações PNA e ON. 

Na teoria original são descritos os índices Dow Jones Industrial Average (DJIA) e Dow Jones Transportation Average (DJTA) como aqueles que devem coincidir com a tendência.

Ou seja, o princípio da confirmação da Teoria de Dow diz que:

– Para que um sinal seja verdadeiro, ele deve ser confirmado pelas médias industrial e de transporte.

Para entender melhor esse conceito, vamos voltar à analogia com o movimento da maré.

Neste caso, em vez de observar uma única praia (ou gráfico), você deve se imaginar parado na extremidade continental de uma estreita península de onde é possível observar duas praias:

As duas praias são partes do mesmo oceano (mercado), divididas em duas partes (Média Industrial e Média de Transporte) pela península.

Embora ambas as praias estejam sujeitas à mesma ação das marés, elas podem apresentar ondas de intensidade diferentes, enganando quanto ao verdadeiro curso da maré.

A confirmação não precisa acontecer ao mesmo tempo. Isto é, para a confirmação é suficiente que uma média siga a primeira em novas mínimas ou novas máximas.

A segunda média deve chegar a novas mínimas ou novas máximas antes da primeira média “retrair”. 

A primeira média retrai quando atinge um novo topo ou novo fundo na direção oposta antes da confirmação pela segunda média.

 

5. O volume precisa confirmar a tendência

Outra característica de uma tendência verdadeira é a confirmação de seu início com o aumento expressivo no volume.

Portanto, até esse pico no volume não acontecer, prevalece a tendência anterior.

 

6. Uma tendência é válida até que seja substituída por outra oposta

Parece óbvio, mas nem todos sabem reconhecer uma mudança real na tendência. 

Portanto, conforme a Teoria de Dow, uma tendência de alta termina quando o preço cai abaixo da mínima anterior após deixar um topo mais baixo.

fim de uma tendência de alta, segundo a teoria de Dow

Já o fim de uma tendência de baixa é marcado pela elevação do preço acima da máxima anterior, após ter feito um fundo mais alto.

Dow também cita a possibilidade de reversão da tendência ser considerada após a formação de topo duplo ou fundo duplo. Porém, não deu tanta ênfase às figuras gráficas.

 

Conclusão

Entre os princípios fundamentais da Teoria de Dow, vale lembrar que o mercado possui 3 movimentos: tendência primária, correções (reações secundárias) e os movimentos terciários de curto prazo.

Além disso, uma tendência primária possui 3 fases de acordo com o comportamento dos investidores, e essas informações podem ser lidas através do gráfico.

Portanto, é essencial que você reconheça em qual tendência e fase o mercado se encontra, e tenha paciência para aguardar o momento certo de operar.

 

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8 Comentários


  1. Bom fixar e aprofundar. Importante teoria que agrega o Domínio técnico. Eduardo, existe diferença entre movimento e tendência?

    Responder

    1. Boa pergunta, amigo.

      Sim, existe diferença.
      Uma tendência é definida por topos e fundos ascendentes (tend. de alta) ou descendentes (tend. de baixa).

      Já um movimento é o que liga topos e fundos. Quando o movimento for a favor da tendência, é um movimento de impulsão.
      Quando for contra a tendência, é um movimento de correção.

      Por exemplo:
      Numa tendência de alta, teremos topos e fundos cada vez mais altos.
      Os movimentos do preço para cima (ligando cada fundo ao próximo topo mais alto) são os movimentos de impulsão.
      Enquanto os movimentos para baixo (ligando cada topo até o próximo fundo) são os movimentos de correção.

      Numa tendência de baixa os movimentos de impulsão serão para baixo, e os de correção para cima.

      Então, as tendências são formadas por movimentos de impulsão e correção.

      Responder

  2. Assisti hoje um bom vídeo.. Demonstrava o gráfico de uma LTB de um lado e do outro, o andamento de reversão para a LTA.
    Ali o autor destacou a diferença para o movimento.
    Movimento = Curto prazo, estrutura se formando (momento, próximo sinal entrada)
    Tendência = +Longo prazo (horas ou dias), histórico do que já se formou

    Responder

    1. Obrigado por compartilhar, Mário!

      Isso mesmo. Na teoria, os movimentos são de impulsão ou correção.

      Na prática, às vezes a gente fala “movimentação de alta ou de baixa”, se referindo à uma tendência menor de alta ou de baixa.

      É importante identificar as tendências de acordo com o tempo-gráfico que estiver operando. Por exemplo, para quem opera intraday, pouco importa a tendência secular (que dura anos).
      Assim como as tendências intradiárias são irrelevantes para quem opera longo prazo (semanas ou meses).

      Responder

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